El Chaltén e a Lenda do Monte Fitz Roy
Conheça o mito ancestral que deu origem ao povo Tehuelche e ao Monte Fitz Roy.
Você já ouviu falar de El Chaltén?
Eu fui visitar a cidade — você pode ver o vídeo clicando aqui.
Lá, me senti em outro mundo com a beleza do lugar. Mas o que mais me marcou foi conhecer a história por trás do monte mais famoso da região: o Fitz Roy.
Neste texto, vou compartilhar a lenda contada por um guia que dividiu essa história comigo com tanta intensidade e emoção que me emocionei junto. Senti que precisava repassar esse conto adiante.
Para contextualizar, “Chaltén” significa “montanha que fuma” ou “montanha fumegante”.
Os povos Tehuelches deram esse nome ao Monte Fitz Roy, que domina a paisagem local, porque seu cume está frequentemente coberto por nuvens — o que dá a impressão de que está soltando fumaça, como um vulcão, embora não seja um.
Hoje, El Chaltén é conhecida como a capital argentina do trekking, muito procurada por trilheiros e amantes da natureza. É a base para trilhas famosas, como a que leva à Laguna de los Tres (com vista para o Fitz Roy) e à Laguna Capri.
Os Tehuelches são um povo indígena originário da região da Patagônia, no sul da Argentina e Chile. Habitavam vastas áreas da estepe e montanha, principalmente ao sul do Rio Negro, muito antes da chegada dos colonizadores europeus.
O nome Tehuelche vem do idioma mapuche e significa algo como “gente brava” ou “gente do sul”.
A lenda de El Chaltén
Dizem que, muito antes dos humanos, só havia escuridão e uma força divina.
Essa divindade, vivendo naquele breu total, sentia-se sozinha, incompleta e…
Com um estalar de dedos, fez nascer a luz.
Com as lágrimas, criou os oceanos.
Com um sopro, fez surgir o vento.
Com um piscar de olhos, trouxe o sol.
Com um soco no chão, fez nascer as montanhas.
Assim nasceu o mundo — e com ele, os primeiros humanos e outros deuses.
Essa divindade tinha uma filha, a mais linda de todas as suas criações.
Um dos gigantes (Patagón, de onde vem o nome Patagônia) a sequestrou e a manteve presa em uma caverna.
Dessa união forçada, nasceu um filho muito poderoso, que carregava o destino nas mãos.
A divindade, então, criou uma profecia:
“Se o gigante tiver um filho com a minha filha, esse filho será o ser mais forte do universo — e destruirá o próprio pai.”
Ao descobrir a profecia, o gigante decidiu destruir o próprio filho.
Mas, ao chegar à caverna, o bebê já havia sido levado por um vizcacha — um pequeno roedor que vive nas montanhas — que o escondeu nas profundezas da terra.
Depois que o gigante desistiu da busca, o vizcacha reuniu todos os animais da natureza e pediu ajuda para proteger o pequeno.
Um cisne sagrado então levou o menino até o topo da montanha chamada El Chaltén.
Mas o cisne não poderia protegê-lo para sempre, e deixou o garoto ali, sozinho.
Lá, isolado por anos, ele aprendeu a sobreviver:
Criou roupas para se proteger do Deus do Inverno.
Dominou o fogo para enfrentar o Deus da Escuridão.
Inventou ferramentas para caçar e desafiar o Deus da Fome.
E desenvolveu habilidades para resistir ao impossível.
Quando desceu da montanha, modelou a partir da lama os primeiros habitantes daquelas terras geladas: os Tehuelches.
A eles, ensinou tudo o que havia aprendido durante seu isolamento.
Um dia, o gigante encontrou o filho — mas agora ele não estava mais sozinho.
Junto ao povo Tehuelche, enfrentaram o gigante… e o venceram.
Até hoje, dizem que o espírito do filho vive em El Chaltén.
Protege e ensina todos que chegam por lá.
Com o tempo, o nome “El Chaltén” passou a designar a cidade fundada pelos Tehuelches, e o monte onde o menino aprendeu tudo tornou-se o Monte Fitz Roy.
O nome “Monte Fitz Roy” foi atribuído em 1877 pelo explorador argentino Francisco Moreno, conhecido como Perito Moreno — um dos grandes nomes da exploração e conservação da Patagônia.
Ele nomeou o monte em homenagem a Robert FitzRoy, oficial da marinha britânica e comandante do navio HMS Beagle, que conduziu a famosa expedição científica com o jovem Charles Darwin, em 1830.
Essa história me impactou profundamente. Pensei nela por muitos dias depois de ouvi-la.
E você? Acredita que possa existir uma força tão poderosa em um lugar tão espetacular?
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Thiago, do Mochilogia 🎒📚🤓