Eita, 90 dias!
Desde o último diário, se passaram mais 30 dias — e muita coisa mudou.
Saí de Ushuaia (quase fiquei por lá!) e fui para El Calafate, onde passei 15 dias como voluntário. Foi um período calmo: poucos hóspedes no hostel e tarefas simples, como cuidar da recepção e manter o local em ordem. Aproveitei bem esse tempo.
Depois, segui para El Chaltén, onde fiquei apenas três dias. De lá, peguei um ônibus de 24 horas até Bariloche. Lá, visitei uma caverna localizada dentro de um antigo vulcão no Cerro Leones — em breve terá vídeo no canal, se quiser acompanhar.
Minha ideia era seguir direto para o norte da Argentina, rumo a Salta. Mas decidi fazer uma parada no Chile, passando por Santiago e Valparaíso. Confesso: foi, até agora, a maior perda de tempo e dinheiro da viagem.
Pela plataforma de voluntariado que costumo usar, consegui uma vaga em Valparaíso por 15 dias. Mas a frustração começou já em Santiago: fui surpreendido com uma taxa de 25% a mais no hostel por ter pago com cartão. Segundo eles, é um imposto aplicado a turistas. Como cheguei num domingo e não consegui trocar dinheiro, tive que aceitar — ou dormir na rua.
Dica de ouro: nunca troque de país aos domingos. Pode parecer detalhe, mas faz toda a diferença.
Santiago, para mim, foi como qualquer grande cidade: parques, trânsito, muitas pessoas em situação de rua e lixo pelas calçadas. Visitei alguns museus interessantes e segui viagem.
Cheguei a Valparaíso cheio de expectativas — e esse foi meu erro.
Evitei ver vídeos da cidade para ter uma experiência “limpa”. Quando desci na rodoviária, tomei um choque: Valparaíso é literalmente um morro, como muitos que temos no Brasil. Eu esperava uma orla para correr, sentar na praia, ver o pôr do sol... Mas encontrei uma cidade superpovoada (a terceira mais populosa do Chile), cheia de becos e com um porto onde não se pode nadar.
Tudo era o oposto do que imaginei.
Outra dica: não crie expectativas. Elas são ótimas ferramentas para se frustrar.
Esses dois fatores — a taxa inesperada e a cidade ser tão diferente do que eu esperava — acabaram comprometendo minha experiência no país. O hotel do voluntariado era bom, mas, como o entorno era perigoso e pouco interessante, passei boa parte do tempo no quarto, editando vídeos, escrevendo textos e tocando projetos do Mochilogia. Não foi totalmente ruim, mas definitivamente não era o que eu buscava.
Pensei em ir embora já no primeiro dia. Dei uma segunda chance. Mas, no fim, resolvi encerrar antes do prazo. Uma amiga do Instagram, a Marcela (segue lá: Marcela - Viajante Solo), me disse uma frase que me marcou:
“Tivemos coragem de deixar nosso país, nossa família... e não vamos deixar um voluntariado?”
Essa frase foi o empurrão que eu precisava. Arrumei a mochila e parti.
Talvez eu receba uma avaliação negativa do local. Mas deixei minha vida em São Paulo justamente por estar insatisfeito — não fazia sentido me prender a um lugar onde eu não me sentia bem.
Tenho aprendido todos os dias. Com pessoas como a Marcela, com outros voluntários, com situações boas e ruins. Essa imprevisibilidade é justamente o que torna essa jornada tão rica.
Claro, nem tudo foi decepção. Viña del Mar, uma cidade próxima daqui, foi uma grata surpresa. Finalmente encontrei a orla que tanto queria! Assisti ao pôr do sol nas dunas e passei um dia super agradável caminhando por lá. Essa, sim, eu recomendo para todo mundo. Pelo menos para o meu gosto, foi perfeita.
A jornada continua. Siga o Mochilogia nas redes sociais para acompanhar os próximos passos.
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Muito obrigado pelo seu tempo.